Relembrando o ataque terrorista em Paris no dia 13 de novembro de 2015

No dia 13.11.2015 a partir das 21h30 os habitantes e visitantes de Paris vivenciaram ataques terroristas efetuados em diferentes partes da cidade. Esse foi o maior estado de emergência na Cidade Luz depois da II Guerra Mundial.

Neste momento eu estava jantando em uma residência privada a dois quilômetros da casa de shows Bataclan, um dos locais dos principais ataques terroristas desta noite.

Antes de tudo isso acontecer o meu dia foi muito agradável, tinha viajado de trem da Alemanha a Paris para desmontar um exposição de artes plásticas “Artes Sem Fronteiras Paris 2015” a qual participei na organização com a Edna Quadros e o Renato Rodyner no café literário “LUSOFOLIE’S”.

Telefonei para os meus amigos para marcarmos encontros. Quando eu estava perto da “Opera Bastille” olhei para o relógio e era 13h13 quando eu estava ligando para a Aurea Maldaner. Eu tive uma sensação de visitar amigos muito forte e comecei a gostar de Paris de novo como turista. O dia estava frio, mas o sol estava brilhando. Me permiti me maravilhar mesmo com os souvenirs de Montmartre e Pigalle.

A noite terminou em um jantar na casa de um artista plástico para quatro pessoas. Eu me lembro de ter escutado sirenes de veículos da polícia e ambulâncias, mas em Paris isso não é extraordinário. O meu anfitrião recebeu mensagem da sua mãe de Portugal para saber se ele estava bem, pois estava passando na TV de Portugal uns tiroteios em bares em Paris. Os outros amigos também receberam mensagens. Eu não, pois não tenho Smartphone. Foi decidido ligar a TV somente depois do jantar. Não imaginávamos a dimensão deste tiroteio. Pensei que fosse alguma briga entre gangs na periferia. Quando a televisão foi ligada nós ficamos aterrorizados e sem acreditar no que estávamos vendo. Eu passei três dias na maior parte do tempo deitada e traumatizada, seguindo as notícias deste ataque terrorista através do canal de TV BFMTV.

Primeiramente houve explosões ao lado do estádio “Stade de France” onde estava havendo um jogo de futebol amigável entre a França e a Alemanha, com a presença na tribuna do então Presidente, François Hollande, que foi imediatamente retirado do local.

Depois vimos que pessoas em bares e restaurante foram fuziladas. Por volta das 21h50 começou um terrível massacre. Três homens entraram no Bataclan, onde decorria um concerto lotado da banda norte-americana Eagles Of the Death Metal. Eles começaram a disparar indiscriminadamente contra a assistência, provocando um clima de terror na sala, com gritos de dor e de pavor e correrias ansiosas de jovens que tentavam esconder-se, fugir e sair por qualquer meio do local. Foi um banho de sangue. Os terroristas mantiveram uma centena de pessoas reféns na sala, durante duas horas. Só depois da meia-noite as forças especiais entraram na casa de espetáculos e começaram a controlar a situação.

Depois que os agentes de segurança entraram no Bataclan os terroristas cometeram suicídio.

Em Paris muitos vizinhos prestaram primeiros socorros aos feridos. Depois foram levados aos hospitais. Nas ruas carros da polícia e de ambulâncias passavam o tempo todo. Os policiais estavam muito nervosos e fortemente armados. Eles pediam identificação a todos e davam ordens para as pessoas saírem das ruas (irem para casa).

A televisão mostrava a triste contagem do número de óbitos que aumentava a cada hora. De acordo com o governo francês, 130 pessoas foram mortas e 683 feridas, incluindo pelo menos 97 gravemente. Além disso, sete dos agressores morreram em conexão direta com seus ataques. A organização terrorista “Estado Islâmico” (IS) assumiu a responsabilidade pelos ataques.

Sábado 14.11.2015 – O então presidente François Hollande pediu para as pessoas não saírem às ruas, pois os agressores ainda estavam soltos. Na noite de sábado saímos rapidamente e vi Paris pela primeira vez sem carros circulando, os metrôs vazios, sem pessoas nos bares e restaurantes, casas de shows.

No domingo as pessoas que vieram aos locais dos atentados e na histórica Praça da República (Place de la République) acenderam velas, colocaram flores e fotos em homenagem aos que foram assassinados.

Para muitas pessoas estas cicatrizes ainda não foram totalmente curadas. Esses novos ataques terroristas em outubro de 2020 abriram as feridas de muitos.

No dia 13.11.2020 houve uma pequena homenagem aos mortos do atentado terrorista de 13 de novembro de 2015 em frente ao Bataclan. Porém não teve muitas pessoas presentes por causa da pandemia COVID-19, onde a França está passando por um rigoroso lockdown no qual as pessoas só podem sair dos seus lares durante 1 hora e no máximo a 1 km dos seus lares. Nesta ocasião foi lido o nome de 90 vítimas. Foi uma homenagem silenciosa.

As vítimas fundaram uma associação de autoajuda. Elas lembram do atentado e muitos quando passam pelos locais dos atentados ficam emocionados.

Muitos pequenos negociantes fecharam os seus negócios. Mas alguns continuam a luta. Por exemplo o Sr. Grégory Reibenberg, proprietário do bistôt La Belle Équipe, onde morreram 20 pessoas, escreveu um livro a fim de lidar com o seu trauma e ajudar outras vítimas deste atentado. Ele reformou o seu restaurante e não desistiu de continuar o seu trabalho.

Sr. Jean CASTEX, Primeiro Ministro, acompanhado pelo Sr. Gérald DARMANIN, Ministro do Interior e Sr. Éric DUPOND-MORETTI, Guardião dos Selos, Ministro da Justiça fizeram parte das comemorações dos ataques de 13 de novembro de 2015 em Saint-Denis e Paris, na sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Texto: Louisa Monteiro (13.11.2020)

Paris metro on 14 November 2015
Metrô de Paris no dia 14.11.2015

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