A importância de medir cada palavra enquanto figura política

Por Jannini Rosas

Há pouco tempo, assisti ao documentário Minha História, da sempre primeira-dama dos EUA, Michelle Obama. Eu já sabia que ela era uma mulher forte e incrível pela popularidade que conquistou ao longo do mandato de Barack, mas ouvir sobre sua vida, suas inspirações e sua luta constante me fez repensar o tamanho da responsabilidade que temos quando alcançamos muitas pessoas com nosso trabalho – seja ele qual for.

Ela contou que, desde o início, entendeu a importância de medir cada palavra enquanto figura política, porque “quando se é presidente ou primeira-dama dos EUA, as palavras importam. Você pode começar guerras, você pode quebrar economias, há poder demais para ser descuidado.”

Lembrei disso depois de ver uma live de Jair Bolsonaro em que ele incitava seus espectadores a invadir hospitais e cemitérios para verificar se realmente estamos sendo tocados com tantas mortes pelo covid-19. Hoje, sem espanto, me deparei com uma matéria que contava sobre um grupo de 6 pessoas que invadiu um hospital no Rio de Janeiro, seguindo as instruções do presidente.

Esse é só um exemplo da influência que figuras públicas exercem sobre as pessoas. Daí a importância da cautela, do discurso bem trabalhado, da análise consciente dos fatos, coisa que, infelizmente, não existe no Brasil de Bolsonaro. No caos diário de uma pandemia que fez de nosso país um dos epicentros mundiais, precisávamos de um líder com clareza nas ideias, sem histeria e que reconhecesse a gravidade da situação. Mas o que vemos é bem diferente disso. Por causa desta figura, admiradores fiéis do presidente desmerecem a dor de famílias inteiras, que sequer têm direito ao luto.

Espero que tudo isso sirva de lição para que a política seja encarada com mais seriedade, porque somente em situações extremas como esta, temos a percepção de que, inevitavelmente, nossas vidas estão nas mãos das pessoas que nos lideram. Que saibamos analisar até os gestos dos candidatos de todas as esferas do poder em suas campanhas, porque quando um presidente como Jair Bolsonaro é eleito democraticamente, há mais a se falar do povo que o elegeu do que dele mesmo. Esta lição teve preço caro, preço de sangue.

Arte: @crisvector

Jannini Rosa

Escritora
CEO @helvetia_editions – helvetiaeditions.com
Idealizadora do @festivaldepoesiadelisboa
Reside: Vevey, Suíça
Natural de: Cabo Frio, Brasil

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As ideias defendidas em um artigo de opinião são de responsabilidade do autor.

Arte: @crisvector

Tags: Jair Bolsonaro, documentário Minha História, Michelle Obama, COVID-19, Jannini Rosas,

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